TEXTOS

DEBATE 

Tema : A Gravidez na Adolescência

Provocando a escolha de SER (dar conta da complexidade que envolve o ser humano; não se deixar moldar por “ imagens do ambiente” que é passado através da “ mídia”; passar a crer que cada  um é repertório de seu próprio sonho e que deve agir em busca do futuro).

CRITÉRIOS  PARA PREPARAR O DEBATE.

1. Leitura  inicial atenta dos  textos 01 e 02. Sublinhar  palavras desconhecidas e procurá-las  no dicionário.   À margem, anotar  a idéia de cada  parágrafo.

2. Tomada de posição em relação ao assunto tratado:  No caderno, fazer  a seqüência das idéias do texto X a sua idéia”( dizendo:  aqui  eu acho o seguinte..... No final, diante de todos os argumentos apresentados, sou da opinião de que   .........................................................................................................)”

3.Procurar mais informações:  pesquisa na Internet

4. Experiência pessoal :anotações de casos conhecidos, etc.

5. Na ocasião  combinada  posicionarem –se os alunos  em círculo       

6,.Nomear o aluno moderador( aquele que vai organizar a seqüência da apresentação do debate, controlar o tempo de fala de cada participante e interromper no caso de exaltação excessiva).

7.Estabelecer  combinados na classe  para debate produtivo, tendo como parâmetro  prévio o seguinte:

   a) debate não é briga e nem imposição de opinião

   b) todos têm o direito de manifestar sua opinião

   c)todos devem escutar o que o outro tem a dizer

   d)deve-se anotar  o que gostaria de dizer como aparte;  levantar  a mão e o

       moderador anotará o  nome. (No final, será chamado e, se sua dúvida ainda

       não  foi  resolvida, apresente-a para o debate.)

   e)  deve-se iniciar a fala com expressões que já indicam  a sua opinião pessoal ( “ 

       penso que....; do meu ponto de vista...; contrariamente do que afirma ....;

      avalio de outra forma  porque...; estou de acordo, em parte, com a opinião de

      ....; gostaria de acrescentar...; etc.)

 f) no ato de  falar procure demonstrar calma e segurança  por meio de sua  postura: nos  gestos, no tom de voz, no  olhar  para os colegas . Cuidado:   se tem anotações  em mãos,  não interromper a fala para lê-las ; não usar  gírias ;  não “cortar”  a palavra do colega.

 OBJETIVO DO DEBATE

  Relatar experiências, fazer reflexões, manifestar opiniões.

AVALIAÇÃO  para além do texto:

a)Ficar  atento à  programação de televisão e identificar  qual personagem na programação  atual traz comportamento persuasivo ao jovem ( ou à sociedade em geral) .

b)Identificar e expor  quais  mensagens de  propaganda  e o imaginário trabalhado por elas .

c)O que você assiste interfere no seu jeito de pensar? Alguma vez já sentiu desejo de comprar alguma coisa  só porque viu na TV ?

Texto 1.

A TELEVISÃO E A SEXUALIDADE

                        O famoso autor de novelas Agnaldo Silva, ao responder se o bombardeio de sexo na televisão aberta pode , de alguma maneira, estimular a sexualidade precoce nas crianças, respondeu da seguinte forma:

                        “ Não é só na TV aberta. No Brasil , houve um momento em que esse negócio de sexo exacerbou de tal maneira que as meninas de 12 anos agora são moças! [...] É uma coisa pavorosa, porque você vê crianças com apelo sexual incrível! Está errado! Isso foi uma mudança cultural no Brasil dos anos de 1980 para cá que ainda não foi devidamente estudada pelos antropólogos e sociólogos de plantão, que estão mais preocupados com a política do que com qualquer outra coisa e não percebem que isso também é política.[...] A brasileira não é diferente de nenhuma outra mulher do mundo, mas a levaram a acreditar que ela é um vulcão de sensualidade, e agora, a maioria se comporta como tal. Vi em várias ocasiões pais que incentivavam filhas de 7 anos a dançar na boquinha da garrafa! Essas coisas estão na TV, nas revistas, em todos os lugares! Aonde é que vamos parar? Foi por isso que botei aquela personagem adolescente grávida  na novela, porque passei três vezes na frente de uma maternidade do Estado e vi que na fila das grávidas, onde umas 30 mulheres, pelo menos 20 eram adolescente, e pelo menos duas não teriam mais que 11 anos. Todas lá, com o barrigão de fora, como se dissessem com orgulho: “ olha até onde me levou a minha sensualidade” !

Silva. Agnaldo. In: Dannemann, Fernanda. A próxima atração. Cult. Revista brasileira de literatura, São Paulo, n.º 91, abril de 2005, p.8-11

Pergunta.

Ao ler o depoimento, você identifica caso parecido? Trata-se, então, de uma visão pessoal ou de um fato que pode ser observado no cotidiano?

A quem poderia interessar  construir a imagem de que a mulher brasileira é um  “vulcão de sensualidade”?

As  cenas de sexo na televisão, as histórias em que praticando o sexo o cara já fica apaixonado, até que ponto é uma visão distorcida da realidade? O amor só vem depois de praticar o sexo?

Texto 2.

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

                        Quem acompanha o tema constata que  as mulheres de nível educacional mais alto seguem a tendência internacional de postergar a gestação para quando completarem os estudos, conseguirem trabalho e independência econômica .

                          Já em relação às mulheres com menos escolaridade, segundo o levantamento feito pelo SUS de 1993 a 1998, houve um aumento em 31% dos casos de gravidez em meninas em idade escolar , em torno dos  16 anos.

                          Diante dos dados acima já  se observa que o estudar   abre outras  perspectivas,  outras vivências culturais para as mulheres e representa, segundo a Dra. Adriana Lippi Waissman, médica obstetra do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, “ um fator de proteção para elas”.

                               Sem a escola  há o comprometimento das chances de ascensão social de qualquer um e muito mais em relação à adolescente grávida que passa a ter um agravamento econômico seu e de sua família , face à criação da criança..

                               A interrupção dos estudos, por menor que seja,  faz com que a adolescente deixe de vivenciar com o  grupo  as experiências psicológicas da idade , faz com que tenha uma irregular apreensão do conteúdo escolar .

                                Mesmo em caso de voltar a estudar, muitas não se sentirão mais as  mesmas, uma vez que estão lidando com  o encargo psicológico  de cuidar de um bebê que tem necessidades diferentes de uma boneca.

                                Esta inadequação resulta  no alto índice da   evasão escolar precoce o que ,fatalmente,   irá refletir em prejuízo em relação às  chances de  desenvolvimento profissional e percepção de salários.

 A adolescente, na quase totalidade, por  acesso à internet, à

televisão, à escola, à família, a postos de saúde,  sabia  acerca de métodos anticonceptivos, mas  não  isso não assegurou  que os empregasse.

                               Por quê?

                                Esta pergunta  pode ser respondida pela  Dra Adriana, que  embora  aponte   a baixa escolaridade incluída no  contexto da incidência de gravidez na adolescência, menciona  outro  fator  que pode chocar aqueles que vinculam a gravidez à pobreza,  à falta de escolaridade, à falta de informação e acesso a métodos contraceptivos.

        Nesse sentido, afirma a médica: “ [...] não é a desinformação que leva à gravidez na adolescência. Talvez o pensamento mágico  dos adolescentes que influencia a maneira de buscar a si mesmos, o imediatismo , a onipotência que lhes são característicos sejam fatores que possam justificar o número maior de casos. Hoje não há menina que não saiba que  não pode engravidar, mas todas imaginam que isso só acontece com as outras, jamais irá acontecer com elas”.( apud. http/drauziovarella.com.br/gravidez na adolescência)

                                   É aqui que se pergunta: de onde vem esse pensamento mágico?

                                   É só do  perfil da adolescência  ou sofre influência dos meios de comunicação?     

                                   No “ Manual de Atenção à Saúde do Adolescente” feito pela Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde de São Paulo em 2006,lê-se  um trecho diz o seguinte: “ Os jovens têm recebido um alto conteúdo sexual nas programações e propagandas veiculadas pela TV, através de mensagens que valorizam o sensacionalismo, a erotização, as relações casuais[...]. Nas novelas e seriados, a maioria dos atores são jovens e belos, mudam constantemente de parceiros, não usam métodos contraceptivos e nem proteção contra DST e, mesmo assim, não se contaminam, não engravidam e os finais são sempre felizes”

                                   Parece tudo muito natural, mas não é.

                                   As novelas (filmes, seriados, blogs, sites, revistas para jovens) apresentam idéias, valores de “ como se deve e como não se deve fazer”; o que é ser “ in” ou ser” out”; quem usa  o que está na moda está CERTO; o outro está ERRADO,quem não zoa na classe junto com a  turma  é “  mico”, é “ nerd”; quem zoa “ tá  junto com os mano” ; é o  legal ..!

                                    Junto vem  a idéia de que nada acontece de ruim. No entanto, na realidade da vida, acontece coisa ruim, sim.

                                   Enfim, longe de ser homogênea a apresentação do presente tema, é importante que se constate: a  mídia está aí  e é de suma importância a sua existência e liberdade para a democratização e para o desenvolvimento da sociedade contemporânea .

                                  Este potencial enorme  não pode ser escamoteado ao adolescente porque contribui de forma valiosa para o seu desenvolvimento.

                                   O que o jovem não pode é ser exposto de forma maciça  a  historinhas  “ mastigadinhas” que não o leve à pensar e refletir , para que,  no fim,  a magia legal não se  transforme no  pesadelo de ser, no caso,   uma  menina  com um filho no colo, sem escola,sem instrução,  sem salário decente, presa numa armadilha de desvantagem econômica para si e para seu filho .

Texto 3 ( música).

                        O MEU GURI

                          (Chico Buarque de Holanda )

Quando, seu moço

Nasceu meu rebento

Não era o momento

Dele rebentar

Já foi nascendo

Com cara de fome

E eu não tinha nem nome

Pra lhe dar

Como fui levando

Não sei lhe explicar

Fui assim levando

Ele a me levar

E na sua meninice

Ele um dia me disse

Que chegava lá

Olha aí! Olha aí!

Olha aí

Ai o meu guri, olha aí!

Olha aí!

É o meu guri e ele chega!

Chega suado

E veloz do batente

Traz sempre um presente

Pra me encabular

Tanta corrente de ouro

Seu moço!

Que haja pescoço

Pra enfiar.

Me trouxe uma bolsa

Já com tudo dentro

Chave, caderneta

Terço e patuá

Um lenço e uma penca

De documentos

Pra finalmente

Eu me identificar

Olha aí!

Olha aí

Ai o meu guri, olha aí!

Olha aí

É o meu guri e ele chega!

Chega no morro

Com carregamento

Pulseira, cimento

Relógio, pneu, gravador

Rezo até ele chegar

Cá no alto

Essa onda de assaltos

Ta um horror

Eu consolo ele

Ele me consola

Boto ele no colo

Pra ele me ninar

De repente acordo

Olho pro lado

E o danado já foi trabalhar

Olha aí!

Ai o meu guri, olha aí

É  o meu guri e ele chega!

Chega estampado

Manchete, retrato

Com venda nos olhos

Legenda e as iniciais

Eu não entendo essa gente

Seu moço!

Fazendo alvoroço demais

O guri no mato

Acho que tá rindo

Acho que tá lindo

De papo pro ar.

Desde o começo eu não disse

Seu moço!

Ele disse que chegava lá

Olha aí! Olha aí!

Olha aí!

Ai o meu guri, olha aí!

Olha aí!

É o meu guri ( 3 x)

Responder:

a)      Quem fala na música?

b)      O que se quer dizer com: “ Não era o momento dele rebentar” ?

c)      O que significa: “ ele já foi nascendo com cara de fome” ?

d)      O que significa: “ e eu não tinha nem nome pra lhe dar” ?

e)      O que significa: “fui assim levando e ele a me levar” ?

f)       A quem se refere : “ Eu não entendo essa gente/ seu moço/ fazendo alvoroço demais”?

g)      O que significa: : “O guri no mato/ acho que ta rindo/ acho que ta lindo/ de papo pro ar”.

h)      O filho chega à idade de 18 anos?

i)        Qual era o trabalho do filho?