terça-feira, 16 de julho de 2013

GÊNERO NOTÍCIA E REPORTAGEM

1.INTRODUÇÃO AOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

1.1.A NOTÍCIA   informa o leitor  a respeito de  fatos que aconteceram recentemente , ou que estão acontecendo
.Ela tem compromisso com a veracidade, a verdade, devendo o autor ser o mais neutro possível, abstendo-se de comentários pessoais.
 A notícia é encabeçada  pelo título  que deve ser curto, informativo e atraente  para despertar o interesse do receptor.
A técnica usada para escrever uma notícia se chama pirâmide invertida, ou seja , logo no início está a base, o repórter deve  apresentar a “síntese” da reportagem para fazer o leitor se interessar em ler o resto do texto.
Assim, neste início, deve  apresentar o  máximo de elementos possíveis:  mostrando o que aconteceu, onde aconteceu, quando aconteceu , como aconteceu  e  o porquê aconteceu.. Ex. Na quinta feira, dia 06, ocorreram passeatas  na Avenida Paulista , com estudantes  reivindicando a diminuição do preço das passagens de ônibus.. Este primeiro parágrafo-resumo  da notícia é chamado lead
Outros recursos são usados na notícia: o subtítulo ( ou linha fina, em que são destacados , em linhas gerais , o que aquele título irá abordar); fotos, depoimentos, estes, com a função de tornar mais neutro, objetivo  e verídico o fato.
Com isso pode-se afirmar que a notícia  escrita usa recursos verbais e não verbais(fotos, gráficos p. ex.)
A linguagem escrita  empregada na notícia  deve ser condizente com o receptor médio  pretendido ( p. ex.é diferente o receptor de  notícia de jornal [linguagem urbana de prestígio], em relação ao receptor de  notícia publicada em  revista científica[ linguagem especializada]).
 A linguagem, em qualquer das circunstâncias, escrita ou oral ,  deve ser objetiva, com verbos na 3.ª pessoa e tempo verbal predominante no pretérito perfeito.
O meio,o veículo da notícia é variável: pode ser jornal, revista, rádio, televisão e, agora, a internet,
A revista especializada permite a veiculação da notícia mais detalhada , com maior profundidade; o jornal impresso permite ao articulista menor  profundidade, mas ela já é mais  próxima do evento ocorrido; a notícia  falada e a notícia via internet  são  praticamente instantâneas  ao fato e têm como pontos em comum o fato de serem suscintas  e  atingirem  uma extensão muito grande de receptores.

1.2. REPORTAGEM
A reportagem parte de um fato que foi notícia ou não. O que a reportagem se propões é  apresentar um aprofundamento ,  uma investigação maior, uma   problematização a respeito do  tema. Para tanto, irá  analisar, incorporar citações (de  conceitos   sociais, legais, estatísticos, científicos), irá transcrever  depoimentos e entrevistas, que são denominadas fontes(destacando  com clareza o texto que a  eles se refere, marcando estas transcrições com “aspas”..
Com a inserção de conceitos , transcritos indiretamente( discurso indireto) ou diretamente por meio de aspas,  ocorre a interdiscursividade,.
A interdiscursividade   estabelece  relações entre várias fontes  revestindo a reportagem de maior autoridade, credibilidade.
Na reportagem , por meio das várias  informações, faz-se, também,  a problematização acerca do tema ; aqui, claramente,  o leitor é conduzido a deixar a sua passividade  e optar, pelo menos   internamente ,  em relação ao assunto.
A reportagem, mais do que a notícia, tem que ter em vista o público-alvo.

EM TEMPO.AVISO, CARTAZ, PÔSTER, PROPAGANDA, PUBLICIDADE, ANÚNCIO( Campanha Institucional).
 Por se tratar  de  gênero extremamente dinâmico, com profissionais de várias áreas envolvidos , com a multiplicidade de meios que podem ser um só e até ou conjugados com outros meios,( c. p. ex. rádio, tv, cartaz, etc., cujo aprofundamento é relevante aos profissionais da área) torna-se extremamente sutil  a diferença entre Anúncio, propaganda, publicidade ; cartaz, pôster, Aviso. 
Neste espaço, considerar-se-á  suficiente o conhecimento de  que:
-AVISO: é uma advertência muito suscinta , um pedido de cautela, cuidado , atenção que pode estar veiculado só por imagem, só por palavras, ou ambas.Usado tanto em espaço público, como privado.
CARTAZ: tem a função de apresentar, divulgar visualmente o que se quer(de âmbito comercial, informativo, político, ideológico,artístico).Usado predominantemente em espaço público, logo, é importante a objetividade,  a linguagem direta.
PÔSTER , aproveita elementos do cartaz , mas é usado mais com a função estética, neste, o criador deixa sua individualidade.
Usados como sinônimos e até com conceitos cambiantes entre si, temos  o anúncio, a propaganda e a publicidade.
Pode-se, no entanto, identificar que na propaganda, além de divulgar e  promover o bem , o receptor deve explicitamente ser levado a ter o desejo de o possuir; por sua vez na publicidade haverá , além do objetivo de persuadir o receptor ( aqui considerado como mais abrangente), apresenta   maiores informações sobre o bem ,porque pode ser um produto de inserção, modificador de gosto, aceitação e formador de   tendência do público.
Anúncio vem a ser o ato de levar ao conhecimento público, um fato, um acontecimento, não necessariamente um produto de cunho comercial.
Campanha/ Publicidade institucional não pretende inserção de produto no mercado ou aumentar lucro da empresa; ela pretende divulgar mensagem de caráter social, cultural, muito  embora, de forma subjacente, esta campanha irá agregar valor positivo à imagem da  mesma. 
Modalização.O modo verbal comum  nestes gêneros aqui mencionados  vem a ser o imperativo( mostra, pede, solicita) e se dirige de maneira direta ao interlocutor.Mas há vários recursos que podem reforçar ou atenuar  a vontade expressa no imperativo( uso do você e abrandamento da ordem)
Ex. a)Compre agora! (por) Você compra agora                                                   b)Levante-se ! (por) Você quer levantar?;
      c) Feche a janela! (por) Queira fechar a janela!                                              d) Fale, fale, que eu estou ouvindo( por meio do uso da repetição)





2.ATIVIDADE  PARA ESTUDO

2. OBJETIVO
Trabalhar como mediador na apresentação da situação real , ensejando ao aluno a oportunidade de experimentar a sua autonomia , em sistematizar  e avançar no conhecimento.do que passa ao seu redor
2. Realizar atividades diferenciadas de pesquisa para posterior , debate , confecção do seu  cartaz  com o propósito de fazer com que repercuta em si  o que se passa na sociedade em que vive com vistas a desenvolver o sentimento de pertencimento.
3. Levar o aluno a estabelecer a ressonância do texto  a um enfoque pessoal, elaborando e expondo a  sua própria reflexão
4. Após o aluno ter realizado as  atividades de ler o texto ( nas revistas sugeridas e, também,  em pesquisa na internet); fazer do debate uma construção coletiva , onde haja o posicionamento: quer acatando motivadamente,   quer contra-argumentando com ponto de vista oposto ao seu, quer aceitando algumas posturas e rechaçando outras.
 5. Refletir sobre a realidade que o cerca, expressar seu pensamento e decidir como agir em relação aos desafios.

3. TEXTO PARA LEITURA
           
                                         A revista Veja no dia 19/06/2013  faz uma Reportagem Especial, às fls. 86 e ss.  acerca  das passeatas que aconteceram no Brasil.          
                                         Na reportagem em causa,  menciona que  o motivo inicial foi o aumento das tarifas de ônibus e que as passeatas   foram convocadas pelo Movimento Passe Livre que não tem sede e menos de cem pessoas como integrantes, sendo que nas duas primeiras passeatas não conseguiu arregimentar mais de 2.000 pessoas.
                                        A revista já  identifica que, nas mesmas passeatas , havia grupos  infiltrados  sendo eles “as  minorias que participaram ativamente do quebra-quebra , dizendo que  são os suspeitos de sempre: militantes de partidos de extrema esquerda, PSTU, PSOL, PCO e PCdoB, militantes radicais de partidos  de centro-esquerda ( PT e PMDB), punks e desocupados de outras denominações  tribais urbanas, sempre dispostos a driblar o tédio  burguês aderindo a algum protesto violento”
                                          Continuando, a reportagem passa a analisar que, como em Wall Street, em Nova York, a causa original dos protestos foi se metamorfoseando em várias outras reivindicações ; foi se  multiplicando, por vários lugares do país , e se avolumando com a participação  maciça dos  jovens e  adultos, que surgiam  pelas adesões   via computador, nas redes sociais..
                                          Na semana seguinte, a respeito da adesão, lê-se na Veja São Paulo de 26 de junho de 2013  que: “ A série de protestos começou na quinta (6) com cerca de 2.000 pessoas. Engrossada com temas como a precariedade dos hospitais e os gastos da Copa do Mundo, chegou a reunir 65.000 pessoas na segunda(17) , nos cálculos do instituto Datafolha. Aos jovens se juntaram mães e avós, em percursos por cartões-postais  da metrópole  como a Avenida Paulista e a Ponte Estaiada, chegando ao Palácio dos Bandeirantes.(...) Na quinta (20) 100.000 pessoas , segundo a Polícia Militar , voltaram a tomar a Avenida Paulista”.
                                         Diz  o texto que “, dessa vez para festejar a decisão do governo”, embora seja discutível  esta avaliação, face aos inúmero cartazes e entrevistas nos meios de comunicação,  em que  ficava claro estarem incluídas outras pautas  de s reivindicações, como por exemplo: cadeia para os mensaleiros, fim à corrupção, indignação com os gastos para construir estádios e não hospitais; repúdio à tentativa de amordaçar o Ministério Público por meio da PEC 37; pedido de mais segurança e escola pública de qualidade..
                                        Considera-se  errada   esta avaliação de que se estava festejando a redução dos centavos da passagem  porque  deveriam  levar em conta o viés  interno, comum  a ligar  todos os cartazes postos nas ruas: “eu sou o meu pais!”  Ou seja, o brasileiro expôs o senso de pertencimento ao seu  país  e, mesmo que  os pedidos não tragam benefícios  para a própria pessoa , reivindica o  bem da comunidade; o brasileiro disse nas ruas que  este bem está sendo solapado pelos gestores que, independentemente  dos partidos, governam em interesse próprio , em conivência com os corruptos , sem fazer reverter o que cobra, quer em passagem de ônibus, quer em impostos, em benefício da população.
                                         Na , mesma data, na edição nacional, a  Revista demonstra  a relevância  das  manifestações , emite um Editorial, nas Páginas Amarelas  apresenta  entrevista sobre este tema ”,e, em reportagem ,   chegou  a estimar que, na noite de 5.ª feira (20) havia mais de 1 milhão de pessoas protestando no Brasil..
                                          Nesta edição, inicia a reportagem com o seguinte lead: “ Podem se passar décadas sem que nada mude, mas uma semana pode concentrar décadas de mudança”. Foi o que se viu na semana passada. Quem acha que não mudou em alguma coisa  e que o Brasil não mudou , passou os últimos dias isolado em uma bolha hermética.
                                         Curiosamente, aqueles que mais se enxergam como agentes da mudança , os partidos de esquerda, foram os que  mais se viram emparedados pela nova realidade das ruas.
                                          O PT acreditava que a paixão dos brasileiros por futebol seria exacerbada pelas Copas, de tal forma que ninguém mais notaria a corrupção e a ineficiência do governo. Errou feio. Os cartazes nas ruas fizeram das Copas  símbolos odiados pelo gasto  público de péssima qualidade, do desvio de dinheiro e do abuso de poder.(...)
                                            Falcão( o presidente do PT) mandou as militâncias retomar as ruas, das quais os petistas se achavam donos , e viu o povo cair de pau na hipocrisia. Lula mandou os sindicalistas se fingirem de povo  e o resultado foi o mesmo. (Receberam ) Cascudos como intrusos e tiveram suas bandeiras queimadas e rasgadas.
                                            Os esquerdistas tiveram de ouvir um dos mais elegantes xingamentos da história mundial das manifestações: “ oportunistas, oportunistas”
                                           Para quem não é do ramo, a frase que abre este texto é do pai de todas as revoluções, o russo Lênin. Até ele ficaria sem palpite, se tivesse presenciado as mudanças dos últimos dias no Brasil” ( apud. P. 63, Veja 26 de junho de 2013.
                                          Na avaliação de Santana ( marqueteiro do governo) ,às  p. 71 , lê-se: “(...) nos últimos  anos , a vida do brasileiro médio melhorou “da porta para dentro” com aumento do emprego, da renda e do consumo, mas piorou significativamente “da porta para fora, com o crescimento da criminalidade, a piora do trânsito e do transporte público
                                         O que se colheu até agora a respeito das manifestações foi a redução das tarifas de ônibus em vários lugares, porque os governantes  ainda insistem  em serem cegos e  imediatistas, achando que assim vão calar as ruas.
                                        .Não perceberam  que  o povo está dizendo  que o que se  paga no Brasil  é  muito mal pago; mesmo que a passagem de ônibus  fosse de graça ,  quem  anda de ônibus é tratado pior   do que gado , transportado com mais dignidade, senão a sociedade protetora dos animais  vai agir.. 
                                         Não perceberam que o povo sabe que por trás  da ineficiência do transporte público  está a corrupção , os empresários do setor sendo financiadores de campanhas que recebem em troca  editais de licitação dirigidos, “uma fiscalização  leniente e vista grossa para planilhas suspeitas”( opus cit.. p 86-87,) TEXTO ADAPTADO DA Revista Veja edição 2326-  ano 46, n.ª 25 de 19/06/2013 ;
Revista Veja  ano 46, N.º 26(Veja São Paulo) de 26/06/2013; Revista Veja  edição 2327- ano 46, n.º 26 de 26/06/2013; Revista Veja  edição 2328- ano 46- n.º 27 de o3 de julho de 2013


4. MOMENTO DE ENTENDIMENTO DO TEXTO



Elabore um cartaz de  protesto,  escolhendo um destes enfoques a seguir sugeridos, para, depois, ser afixado em varal coletivo.
a)       coisa errada em relação ao país;
b)       coisa errada em relação a sua cidade
c)       coisa errada em relação a sua escola







Atividade de Leitura ,  debate oral e apresentação da música
               “ Até Quando”
                               de Gabriel, o Pensador e Itaal Shur







Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha de sofrer!

Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura.

Até quando você vai levando (Porrada ! porrada!)
Até quando você vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho ta sem dente
Ce tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você ta sem emprego e sua filha ta gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!

A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs do Vigário!

A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, Lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra (te) entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!

Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede diploma, não tenho diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!

Escola! Esmola!
Favela! Cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!

Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda, ninguém manda na gente!

Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de atitude a gente fica mais seguro!
Na mudança do presente , a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada,
Até quando vai ficar sem fazer nada!
Até quando você vai ficar de saco de pancada?
Até quando?

ATIVIDADES DE APLICAÇÃO

GÊNERO DISSERTATIVO: CARTA, ARTIGO DE OPINIÃO.

Texto 1. A internação forçada de usuário de Crak

 TEXTO A : GÊNERO CARTA
Especialistas e ativistas entregarão esta semana à presidente Dilma Rousseff (PT), ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma carta pela descriminalização das drogas e contra o projeto de reforma na lei nacional antidrogas, de autoria do deputado Osmar Terra (PMSDB-RS), em tramitação na Câmara.

A carta é resultado do “Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade”.
 A carta afirma que o modelo de “guerra às drogas” falhou e que é necessária a discussão e implementação de outro modelo que tenha em vista a descriminalização do usuário de drogas.   
Segue abaixo a íntegra da carta, que terá as assinaturas ao final:
Carta de Brasília em Defesa da Razão e da Vida
O Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade foi realizado entre 3-5 de maio de 2013 no Museu da República em Brasília para fomentar o diálogo sobre o tema das drogas. Nós, participantes do Congresso e signatários desta carta, constatamos que a política proibicionista causa danos sociais gravíssimos que não podem persistir. Não há evidência médica, científica, jurídica, econômica ou policial para a proibição. Entretanto identificamos alarmados um risco de retrocesso iminente, em virtude do projeto de lei 7663/10, de autoria do deputado Osmar Terra (PMDB/RS), atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, relatado pelo deputado Givaldo Carimbão (PSB/AL).
Entre vários equívocos, o projeto prioriza internação forçada de dependentes químicos. Vemos com indignação que autoridades do Governo Federal se pronunciam a favor dessa prática. Conforme apontado pelo relator especial sobre tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes junto ao conselho de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, a internação forçada de dependentes químicos constitui tortura. Tendo em vista a trajetória política, compromisso com os direitos humanos e experiência pessoal em relação à tortura da Presidenta Dilma Rousseff, é inadmissível que o Governo Federal venha a apoiar a internação forçada. Entendemos que a aplicação dessa medida no Brasil atual representa a volta da política de higienização e segregação de classe e etnia.
Mesmo em suas versões mais brandas, o proibicionismo infringe garantias fundamentais previstas na Constituição da República, corrompe todas as esferas da sociedade, impede a pesquisa, interdita o debate e intoxica o pensamento coletivo. A tentativa de voltar a criminalizar usuários e aumentar penas relacionadas ao tráfico de drogas é um desastre na contramão do que ocorre em diversos países da América e Europa, contribuindo para aumentar ainda mais o super-encarceramento e a criminalização da pobreza.
A exemplo das Supremas Cortes da Argentina e da Colômbia, é preciso que o Supremo Tribunal Federal declare com urgência a inconstitucionalidade das regras criminalizadoras da posse de drogas ilícitas para uso pessoal. Em última instância, legalizar, regulamentar e taxar todas as drogas, priorizando a redução de riscos e danos, anistiando infratores de crimes não-violentos e investindo em emprego, educação, saúde, moradia, cultura e esporte são as únicas medidas capazes de acabar efetivamente com o tráfico, com a violência e com as mortes de nossos jovens. É um imperativo ético e científico de nosso tempo, em defesa da razão e da vida humana.
 “A tentativa de voltar a criminalizar usuários e aumentar penas relacionadas ao tráfico de drogas é um desastre na contramão do que ocorre em diversos países da América e Europa”

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B) TEXTO B : GÊNERO: ARTIGO DE OPINIÃO
 Título:  INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

Autor: Drauzio Varella
Sou a favor da internação compulsória dos usuários de crack, que perambulam pelas ruas feito zumbis. Por defender a adoção dessa medida extrema para casos graves já fui chamado de autoritário e fascista, mas não me importo.
A VOCÊ , que considera essa solução higienista e antidemocrática, comparável à dos manicômios medievais, pergunto: se sua filha estivesse maltrapilha e sem banho numa sarjeta da cracolândia, você a deixaria lá em nome do respeito à cidadania, até que ela decidisse pedir ajuda?  De minha parte, posso adiantar que fosse minha a filha, eu a retiraria dali nem que atada a uma camisa de força.
Para lidar com dependentes de crack é preciso conhecer a natureza da enfermidade que os aflige. Crack é droga de uso compulsivo causadora de uma doença crônica caracterizada pelo risco de recaídas.
É de uso compulsivo, porque vai dos pulmões ao cérebro em menos de 10 segundos. Toda droga psicoativa com intervalo tão curto entre a administração e a sensação de prazer provocada por ela, causa dependência de instalação rápida e duradoura — como a que sentem na carne os dependentes de nicotina.
As recaídas fazem parte do quadro, porque os circuitos de neurônios envolvidos nas compulsões são ativados toda vez que o usuário se vê numa situação capaz de evocar a memória do prazer que a droga lhe traz.
Quando os críticos afirmam que internação forçada não  cura a dependência, estão cobertos de razão: dependência química é patologia incurável. Existem ex-usuários, ex-dependentes não. Parei de fumar há 34 anos e ainda sonho com o cigarro.
Tenho alguma experiência com internações compulsórias de usuários de crack. Infelizmente, não são internações preventivas em clínicas especializadas, mas em presídios, onde trancamos os que roubam para conseguir acesso à droga que os escravizou.
Na Penitenciária Feminina, atendo meninas presas na cracolândia. Por interferência da facção que impõe suas leis na maior parte das cadeias paulistas, é proibido fumar crack. Emagrecidas e exaustas, ao chegar, elas passam dois ou três dias dormindo, as companheiras precisam acordá-las para as refeições. Depois desse período, ficam agitadas por alguns dias, e voltam à normalidade.
Desde que o usuário não entre em contato com a droga, com alguém sob o efeito dela ou com os ambientes em que a consumia, é muito mais fácil ficar livre do crack do que do cigarro. A crise de abstinência insuportável que a cocaína provocaria é um mito.
Perdi a conta de quantas vezes as vi dar graças a Deus por ter vindo para a cadeia, porque se continuassem na vida que levavam estariam mortas. Jamais ouvi delas os argumentos usados pelos defensores do direito de fumar pedra até morrer, em nome do livre arbítrio.
Todas as experiências mundiais com a liberação de espaços públicos para o uso de drogas foram abandonadas, porque houve aumento da mortalidade.
A verdade é que ninguém conhece o melhor método para tratar a dependência de crack. Muito menos eu, apesar da convivência com dependentes dessa praga há mais de 20 anos.
A internação compulsória acabará com o problema? É evidente que não. Especialmente, se vier sem a criação de serviços ambulatoriais que ofereçam suporte psicológico e social para reintegrar o ex-usuário.
Se esperarmos avaliar a eficácia das internações pelo número dos que ficaram livres da droga para sempre, ficaremos frustrados: é preciso entender que as recaídas fazem parte intrínseca da enfermidade.
Em cancerologia vivemos situações semelhantes. Em certos casos de câncer avançado, procuramos induzir remissões, às vezes com tratamentos agressivos. Não deixamos de medicar pacientes com o argumento de que sofrerão recidivas.
Está mais do que na hora de pararmos com discussões estéreis e paralisantes sobre a abordagem ideal, para um problema tão urgente e dramático como a epidemia de crack.
Se a decisão de internar pessoas com a sobrevivência ameaçada pelo consumo da droga amadureceu a ponto de ser implantada, vamos nessa direção. É pouco, mas é um primeiro passo.

Ler e Responder:
1. Ambos os textos estão inseridos na capacidade prática de linguagem de _argumentar- ( segundo Schneuwly, Dolz).  A  carta do texto A exige uma linguagem  formal porque seu destinatário não é amigo, não é algum  familiar,  ou seja , a carta do texto A se destina a :

Assinale a alternativa correta:

(   ) receptores que  integram órgãos  policiais que prendem os usuários de crak .
(  ) receptores do Congresso Internacional sobre Drogas e aos que estão na situação de dependência do crak
(   ) receptores que integram a Presidência da República; o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
(  ) receptores   deputado Osmar Terra ( PMDB/RS)  e o deputado Gilvado Carimbão ( PSB/AL) 


2. O texto B , também é argumentativo.Enquanto na carta do texto A,  o receptor está determinado pelo nome, etc. , no texto B, o receptor é o OUTRO . Embora o assunto seja o mesmo, o autor está preocupado em  demonstrar a opinião dele, está preocupado em refutar possível opinião divergente à sua, perante a  quem vier LER o seu texto. Por isso o texto B pertence ao gênero artigo de opinião.
Assinale a alternativa correta:.
     
(  ) O autor  do texto B tem opinião  semelhante ao apresentado no texto A
(  )  O autor do texto B  tem opinião divergente ao apresentado no texto A
(  ) ambos os autores  consideram a internação como medida antidemocrática.
(  ) ambos consideram que a internação compulsória depõe contra a dignidade humana


3. A VOCÊ , que considera essa solução higienista e antidemocrática, comparável à dos manicômios medievais, pergunto: se sua filha estivesse maltrapilha e sem banho numa sarjeta da cracolândia, você a deixaria lá em nome do respeito à cidadania, até que ela decidisse pedir ajuda?  De minha parte, posso adiantar que fosse minha a filha, eu a retiraria dali nem que atada a uma camisa de força.
 O autor, no texto de opinião acima, usa para si a primeira pessoa , e quando se refere a  VOCÊ , além dos seus leitores , ele principalmente se  dirigindo
(  ) aos especialistas e ativistas que redigiram a Carta e aos desfavoráveis  à internação compulsória  dos usuários de crack
(  ) aos especialistas e ativistas que redigiram a Carta e aos favoráveis à internação compulsória aos usuários de crack

 4.. Tanto o texto A, quanto o texto B :
    Assinale a alternativa INCORRETA :
            (  ) usam do veículo jornal  para ampliarem a discussão acerca de um fato real
            (  ) usam da variedade não-padrão da língua, com gíria e jargão próprios dos
                  usuários de crack
            (  ) têm a finalidade de defenderem uma posição a respeito  da internação
                 compulsória dos usuários de crack
            (  )  são notícias, porque a notícia  têm finalidade, predominante de  relatar, de
                forma impessoal, um  fato verídico que é a internação  dos usuários de crack  

5. Assinale a alternativa INCORRETA :
            (  ) na Carta , os subscritores pleiteiam a descriminalização das drogas
            (  ) no artigo de opinião, o autor defende a adoção da internação compulsória
                 como medida extrema,  para casos graves daqueles  usuários que perambulam
                  pelas ruas  feito zumbis
            (   ) no artigo de opinião o autor afirma que ele conhece outra forma de
                  internação compulsória que ocorre no Brasil: é o trancamento nos presídios
                  daqueles que roubam para ter acesso às drogas
            (  ) na Carta se afirma que não adianta a internação; que  modelo de guerra às
                 drogas falhou; no Artigo de Opinião o autor afirma que , se for para esperar a
                  eficácia,pelo número de curas, também  não se  daria  remédio para o doente
                  de câncer incurável.
            (  ) Os subscritores da Carta  apóiam políticas voltadas para a segregação, para a
                 que tenham caráter de  higienização e que venham a acabar efetivamente
                 com o tráfico.

6. A coesão  vem a ser  a ligação das idéias,das partes do texto, por meio de palavras iguais , substituindo-as por termos semelhantes. Esta ligação , no texto A  é feita  por hiperônimo ( palavras que tem o sentido  mais genérico= droga, dependente químico; drogas ilícitas). JÁ  no texto B, artigo de opinião, o autor usa hipônimo, termo específico( o crack ), repetindo-o várias vezes.

Assinale a alternativa em que NÃO HÁ  o hipônimo seguido de seu hiperônimo:
(  ) Comprei alface, agrião e rúcula. Estas verduras são saudáveis.
(  ) João gosta de futebol. Ele assiste sempre pela televisão.
(  ) Andei de ônibus, de trem e de avião no Brasil.São bons  meios de transporte.
(  ) O Tsunâmini no Japão matou muitas pessoas . As ondas gigantes se originaram  no oceano


C) TEXTO C:  Gênero dissertativo argumentativo

Título: A Família Contemporânea

              A família foi concebida para ser protetiva da criança , seja na concepção religiosa, social e jurídica. O modelo  conjugal  ideal, concebido para este fim  e que ainda existe em nossa sociedade, vem a ser:  pai, mãe e filhos.
              Entretanto, atualmente,  não podemos considerar este modelo como o único tipo de  família que  existe.
              Agora, junto com a família de pai, mãe e filhos, existem  novas famílias: união estável,  família uniparental, família unicelular, família homoafetiva .
              A evolução do modelo familiar tradicional , historicamente,  pode ser encontrada  a partir  da  época da revolução industrial porque  houve a necessidade de  empregar  mulheres, tirando-as de dentro de casa e do regime patriarcal.
             Outro momento importante  de evolução da concepção familiar ocorreu  na  década de 60.  Pode-se  destacar :  o   movimento feminista que  passa a reinvindicar  igualdade de gênero ; e  a    descoberta a  pílula anticoncepcional  à  qual vem  separar a sexualidade da reprodução, tornando a maternidade uma opção e não um destino.
             A partir de 1980, a ciência , através da inseminação artificial , “ fertilização in vitro” ,  dissocia a gravidez da relação sexual entre homem e mulher.
              Esta,  foi  um grande baque  para o conceito familiar tradicional, porque,  para ser mãe  não necessariamente precisaria  ter uma família.
             A seguir ,  as mudanças familiares já em curso passam  a representar um fato social com amparo jurídico   quando ocorre, na década de 90,  a descoberta e o  mapeamento genético.
             Isto porque  com o exame de DNA qualquer pessoa pode identificar sua filiação, independente se teve origem em casamentos legais , uniões consensuais ou  adoção.
                Não era este o fundamento da origem familiar tradicional: proteger a criança?
             Pode-se dizer, que , no momento , esta proteção é até melhor porque  protege-se  a criança em todos os seus direitos, como por exemplo : o  seu direito ao nome, o seu direito à  alimentos e, até, o seu direito à herança.
               Todos podem usufruir de seus direitos, independentemente  se a família é formada com unidade ou diversidade de pessoas, com unidade ou  diversidade sexos .
               E para garantir  o direito de todos a constituírem  sua família , a Constituição Brasileira tem como norma maior, o princípio da dignidade humana ,   a igualdade  perante a lei,  seja de  crianças, seja de famílias com denominações  diversas.
               A Constituição  não admite estigma, tanto que é crime ato de preconceito ao diferente .
               Não admite  preconceito  sequer incluído  em algum discurso religioso. Não é religioso  elaborar   um discurso contraditório à  Bíblia ,pois Cristo   prega a tolerância , a defesa da vida, a defesa do homem, o acolhimento do outro. 
               Portanto, está em curso uma nova fase histórica da  família brasileira  porque,  ao mesmo tempo em que preserva o direito da criança ,  passa a acolher os direitos das  pessoas a se unirem,  independente do gênero e orientação sexual.

Ler e Responder
1.Leia a seqüência discursiva a seguir:  “ protetivo”.  (pro.te.ti.vo); do lat. Protectivus,a,um ) s.m. 1. que resguarda, que protege, que defende. 2. protetor.
O gênero apresentado na questão acima pertence ao gênero verbete.A alternativa INCORRETA  a respeito do gênero verbete:
(  ) possui função subjetiva e procura definir poeticamente  a palavra
(  ) possui  função informativa  e procura definir literalmente a palavra
(  ) o veículo é o dicionário

2. O texto acima pertence ao gênero dissertativo-argumentativo porque , em geral, gira em torno de um tema que gera polêmica. Este gênero se preocupa em analisar, explicar, interpretar , apresentar argumentos de forma intencionalmente objetiva mas que , de maneira “ escondida”  apresentam  o ponto de vista do autor , tendo como   objetivo influenciar a maneira do leitor ( interlocutor/ receptor)  pensar.
Que argumento NÃO  foi usado pelo autor:
(  ) o conceito de família está inserido em processo histórico
(  ) no texto, a evolução do conceito de família foi apresentada pelo autor com maior
      ênfase a partir da década de sessenta
(  ) a evolução do conceito de família é decorrente da revolução industrial, descobertas
     científicas e proteção jurídica.               
(  ) o conceito de família não admite a liberdade de escolha
(  ) o autor do texto é a favor das novas formas de modelo conjugal

3. O leitor/ receptor/ interlocutor  após ler o texto narrativo argumentativo  é levado a refletir sobre o assunto abordado, passando a “ enxergar”de maneira mais ampla o tema.No final, após apresentar diferentes dados e fatos, ele aponta um CONTRASTE   para ser refletido, que é :

(  ) o maior baque para o conceito de família tradicional foi a “ fertilização in vitro” porque até pessoa solteira pode ter filho
(  ) como o exame do DNA resguarda o direito da criança  independente da família em
     que se encontre, caíram  por terra os argumentos jurídicos contrários às “ novas”
     famílias. 
(  ) a tolerância, a defesa da vida, do homem não são valores presentes na Bíblia, por
      isso o discurso homofóbico é coerente.


4.    No trecho:     A Constituição  não admite estigma, tanto que é crime ato de preconceito ao diferente .
               Não admite  preconceito  sequer incluído  em algum discurso religioso. Não é religioso  elaborar   um discurso contraditório à   Bíblia ,pois Cristo,    prega a tolerância , a defesa da vida, a defesa do homem, o acolhimento do outro. 
      No trecho acima ,  CORRETAMENTE  se pode subtender , por estar implícito que: 
(  ) a Bíblia desempenha função moralizadora que deve ser aplicada literalmente `as leis de um país.
(  ) a Bíblia desempenha função moralizadora que deve ser tomada como referência contextualizada , relacionada ao todo, mantendo coerência com o sentido do discurso  dito pelo próprio Cristo.
(  ) a Bíblia , no Velho Testamento adota  a Lei de Talião: “ olho por olho, dente por dente” e , no Novo Testamento, Cristo não  disse expressamente que  revogava tal preceito.Logo,ao Cristão  é admitida a Lei de Talião até nossos dias.  

5.Assinale a alternativa  INCORRETA .
(  ) Existem crianças desprotegidas vivendo em casa onde estão todos os membros que compõem a família tradicional.
(  ) existem crianças protegidas vivendo em família unicelular, ou seja, só com a mãe, ou só com o pai.
(  ) a família unicelular é aquela de um indivíduo só, solteiro, viúvo, independente de haver criança.
 (  )A religião  não é obrigada a incorporar como membro de  sua igreja quem opta pela escolha diversa de sua doutrina; mas ela é obrigada a respeitar e não emitir, para a sociedade, discurso homofóbico .
(  ) a criança para ser protegida  precisa da existência, no mesmo local, de todos os
     membros da família tradicional.
6.  O filósofo  Heráclito disse: “ ninguém desce duas vezes o mesmo rio, porque suas águas mudam” , o que também quer dizer que nós não somos os mesmos, nós também mudamos a cada dia. Esta  afirmação acima pode estabelecer relação com o texto “ a Família Contemporânea”  porque:
(  ) a família não muda e  não mudará através dos tempos
(  ) a família também sofre processo de transformação através dos tempos
(  ) a família  é constituída de pessoas que não mudam através dos tempos
(  ) a família ribeirinha desce pelo rio observando a mudança de sua água.